O que importa não é o plano. Como montar um PDI. Como não ficar dependente da empresa.
E uma reflexão sobre como dançar com a vida.
Faaala galera!
Por aqui, a vida tem sido bastante intensa. Estou reformando uma casa, vou me mudar de cidade, meu filho está à caminho, o FSM está crescendo… Me sinto lutando para não ficar para trás da minha própria vida.
Eu não vejo a vida como uma corrida, nem quero nutrir em mim esse sentimento de pressa, que distorce a percepção do tempo e faz tudo voar. Mas, apesar disso, é o que eu estou vivendo agora... E isso tem produzido aprendizados.
Como essa é uma newsletter para assuntos de marketing, decidi não escrever sobre esses aprendizados por aqui. Porém, caso você se interesse, acesse meu texto, “Na dança entre ti e a vida, quem é o condutor?”, publicado na minha newsletter pessoal.
Aos que querem saber é de marketing mesmo, então bora.
O que importa não é o plano
Você já deve ter ouvido: o que importa não é o plano, mas o planejamento. Eu concordo. Porque, inevitavelmente, o seu plano vai falhar em algum aspecto importante. Nesse momento, ele precisará ser adaptado. E como saber quais adaptações serão necessárias?
É na capacidade de encontrar essa resposta que reside o trunfo do planejador. Por ter passado pelo processo de planejamento, ele agora está apto a entender o que é que deu errado e hipotetizar mudanças necessárias no plano.
Assim, o que justifica o processo de planejamento não é o plano, mas o domínio adquirido pelo planejador sobre o cenário. Ele está pronto não porque concebeu um plano infalível, mas porque entendeu as variáveis e premissas que estão por trás.
No popular, diríamos que ele entendeu “a lógica por trás”. O que o escritor Robert Pirsig chama de “estrutura subjacente”, ou o mecanismo de funcionamento das coisas. É o entendimento da lógica; a clareza das premissas; o domínio das causas e efeitos.
Tudo isso, a longo prazo, importa mais, muito mais, do que o produto final - seja ele um plano, uma estratégia, um método. Porque isso tudo fica com você, mesmo depois que o plano, estratégia ou método já deixou de ser útil. Afinal isso tudo é você, na medida em que é conhecimento.
Como montar um PDI
Isso vale para qualquer plano, inclusive nossos Planos Individuais de Desenvolvimento, ou PDIs. Vou ser sincero: nunca fiz um PDI para mim. Meu perfil é um pouco caótico e meu desenvolvimento, espasmódico demais para planos organizados. Mas não se engane: a ausência de um plano de desenvolvimento não significa que eu não planejo meus passos.
Mas o que é preciso para planejar nosso desenvolvimento? Existem 3 engrenagens fundamentais que, para mim, representam a “estrutura subjacente” de um PDI:
Saber o que você quer (destino)
Saber o que você precisa para estar lá (requisitos)
Saber as lacunas que você precisa preencher (autoanálise)
Clareza do destino é o ponto de partida. É o que vai dar direção e movimento para o seu desenvolvimento. Há um paradoxo curioso aqui. Aqueles que colocam “se desenvolver” como o objetivo final são os que menos se desenvolvem. O desenvolvimento verdadeiro vem arrastado por um propósito, ou seja, ele não é o fim em si mesmo, mas um meio necessário para alcançar um fim desejado.
Quanto maior o desejo pelo fim, maior será sua gana por desenvolvimento. Mas que fim é esse? Pode ser a resposta a uma pergunta (como um cientista), um cargo almejado (como um carreirista), um resultado conquistado (como um empreendedor), isso é com você.
A segunda coisa é entender o que é que você precisa para chegar lá. Parece simples, mas sabe o que na prática acontece? As pessoas têm clareza do destino, mas não conhecem seus requisitos. Como saber os requisitos de um cargo que ainda não alcançamos? Ou o que nos exigirá um resultado que ainda não conquistamos? Aqui há outro paradoxo: como planejar a rota até um lugar para onde você nunca foi? Já falaremos sobre isso.
Por último, é preciso saber o que é que falta em nós. Ou seja, olhar para nós próprios a partir do ponto de vista imaginário de alguém que já está lá, que conhece os requisitos, a fim de julgarmos a nós mesmos com sobriedade e identificarmos as lacunas que precisaremos preencher. É comum que nossas principais lacunas estejam em pontos cegos.
Então como conhecer os requisitos para alcançar algo que ainda não alcançamos? Ou como fazer uma boa autoanálise sem um modelo com o qual nos comparar? É um problema de falta de referência. E penso que as 2 melhores formas de adquirir referência são: (1) por experiência, através de tentativa e erro; (2) pela experiência dos outros, pegando emprestado o julgamento deles.
Por tentativa e erro: a vida te dá feedback, basta saber ouvi-lo. Lançou um produto que flopou? Conduziu uma reunião que não foi produtiva? Sugeriu uma pauta que não foi aceita? Lançou uma campanha que não vendeu? Escute atentamente.
Por experiência dos outros: o que os outros têm a dizer sobre o produto que você lançou, a reunião que conduziu, a pauta que propôs ou a campanha que coordenou? Se nesse grupo de “os outros” você conseguir que tenham pessoas que já passaram pelas experiências que você está passando, escute atentamente.
E assim você vai viver com uma mentalidade de desenvolvimento, que é algo muito mais poderoso do que (e condição necessária para) qualquer plano de desenvolvimento. Afinal, se você tiver essa mentalidade, talvez um plano não seja tão necessário - pois ele acontecerá de forma intuitiva. Mas se você não tiver a mentalidade, bom, aí plano nenhum será suficiente.
Parte do valor do Full Stack Marketing está em oferecer uma referência para o desenvolvimento de profissionais de marketing. Pois nele eu ajudo você a perceber tanto os requisitos necessários para ser um head de área quanto a refletir sobre as suas próprias lacunas, como num processo de autoanálise conduzido. Isso é poderoso.
Como não ficar dependente da empresa
Quando você está numa empresa, existe uma tendência de se especializar nela. Sabe aquela pessoa que conhece todas as regras de negócio, todos os sistemas, todos os produtos? Por si só, isso é bom. Você vira uma referência interna e, nesse aspecto, é mais difícil de ser substituído.
Mas quase sempre isso tem um lado sombrio.
Pode ser que, com o tempo, você perceba que sua principal valência não é dominar CRM. Ou mídia. Ou growth. Ou branding. Ou mesmo o marketing como um todo. Seu valor está no domínio que você tem da empresa em si. E isso é um tido no pé. Porque, no mercado, isso não tem valor.
Não que você deva, como um macaco, ficar pulando de galho em galho. Entrar numa empresa já pensando em sair dela é muito nocivo. Mas é que, hoje em dia, é muito improvável que você passe a vida numa empresa. Por mais apaixonado que você esteja por ela nesse momento.
Portanto, é sensato se preparar para o mercado, não para a empresa. O que isso significa, na prática? Significa que você precisa estar preparado para a atuar em diferentes portes, segmentos e modelos de negócio.
É por isso que o FSM é agnóstico em termos de modelo de negócio. Eu busco explicar as premissas por trás, dando exemplos de diferentes segmentos, para ajudar a você no desafio de adaptar isso tudo ao seu contexto.
No fim, o que eu quero não é que você domine marketing em serviços. Nem marketing em SaaS. Nem marketing em infoprodutos. Mas que você domine marketing a ponto de saber adapta as premissas para qualquer contexto.
É aí que você ganha asas, como profissional de marketing. Porque aí você vai estar pronto para estruturar o marketing de qualquer negócio. Não de forma mágica, claro, porque ninguém é super-herói e todos precisamos de um tempo para entender o novo contexto e adaptar. Mas saberemos entender e adaptar, e é aí que reside a nossa independência.